terça-feira, 24 de abril de 2007

Peer-review e Open Access

O processo de comunicação científica controlado pelas editoras comerciais, tem vindo a assegurar a certificação da qualidade/validade da pesquisa publicada, através de processos como o peer-review.

O Open Access faz o mesmo?


O peer-review é fundamental no processo de certificação de qualidade das publicações científicas. Neste aspecto, não existem dúvidas. No entanto, as editoras dizem que são as únicas a conseguirem fazê-lo, uma vez que o complexo ciclo editorial exige somas astronómicas, que apenas uma cadeia comercial bem organizada poderá suportar.
Pessoalmente, acho que existem outras formas de conseguir uma certificação de qualidade nas publicações científicas, nomeadamente através do acesso livre.
Por exemplo, as instituições académicas e científicas que disponibilizam repositórios documentais em acesso livre, tem toda a vantagem em facultar um processo de peer-review, pois beneficiam do aumento da sua visibilidade e prestígio. Tal como diz David Prosser, a instituição através do seu repositório pode publicitar as suas valias e serviços, procedendo dessa forma à angariação de fundos, novos alunos e/ou investigadores. Com esses fundos, a instituição pode investir num processo de peer-review que seja autónomo. Assim, em vez de ficar refém dos constrangimentos da revisão quando esta é feita por conhecidos (elementos da mesma instituição, possivelmente colegas), liberta-se e evolui para um peer-review científico, onde participam individualidades de reconhecido mérito científico, numa determinada área.
Também os jornais disponíveis em acesso livre, pelas mesmas razões, devem usar um sistema de peer-review científico, que respeite as regras anteriormente referidas. Só dessa forma é que os jornais e instituições de determinada área do saber, se conseguirão impor e sobressair qualitativamente face às editoras comerciais.
Pode-se então concluir que o Open Access, também pode assegurar a certificação de qualidade/validade da pesquisa publicada, nomeadamente se conseguir fontes de investimento (por ex: instituições que apoiem a investigação) que garantam a independência do peer-review.


Relativamente aos críticos do acesso livre, que argumentam que aumentará o número de artigos publicados sem qualidade, deve-se lembrar apenas que a comunidade científica rapidamente fará a sua triagem, assim como faz com as publicações comerciais de qualidade duvidosa.


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